quinta-feira, junho 26, 2008
HISTÓRIA DO TEATRO
HISTÓRIA DO TEATRO – ORIGENS
A origem do teatro é identificada a partir de uma ritualística que envolvia sentidos de celebração, agradecimento ou perda, além de propagar tradições, realizar apelos superiores às entidades sobrenaturais, oferenda para obtenção de favores, para homenagem, para divertimento e sinal de honra aos nobres. A partir das primeiras sociedades primitivas com as danças imitativas articuladas com os poderes sobrenaturais para sobrevivência, ocorre um processo evolutivo de representação das lendas dos deuses e heróis. Em seguida, os homens praticam a mimeses ou mímica e as mulheres cantam. Até chegar na acepção teatral oriunda do verbo grego “theasthai” que significa ver, contemplar, olhar e do vocábulo grego théatron que, segundo Barata (1981), significa lugar para jogos públicos, reunião de espectadores ou ouvintes, espetáculo. Em seus primeiros registros nas línguas modernas, a palavra refere-se ao local onde se realizam os espetáculos teatrais na Grécia e em Roma antigas. Por esta razão o teatro é fundado em cima de uma tríade: quem vê, o que se vê e o imaginado.
Para Magaldi (1985), a palavra teatro abrange duas acepções fundamentais: o impóvel em que se realizam espetáculos e uma arte específica, transmitida ao público por intermédio do ator. Etmológicamente, tem o vocábulo sentido de miradouro, lugar onde se vê.
Supõe-se que surgia no séc. IV a.C, na Grécia antiga, com as manifestações anuais em homenagem ao deus Dioniso, quando ocorriam procissões com participantes mascarados, ninfas e sátiros, centauros e mênades, todos embriagados cantando e dançando ao som de tambores e gritos dos ditirambos, que eram as canções dionisíacas, com a tragoidia que era a dança e música do canto do bode, dando inicio às representações dramáticas de tragédias e comédias.
As homenagens ao deus Dionísio eram relacionadas aos ciclos da natureza, compreendiam rituais e festas em procissões onde os ditirambos contavam a história desde o nascimento, a dor e a alegria, a destruição pelos titãs até o renascimento.
Com o passar do tempo essas procissões foram se avolumando e exigindo a presença de diretores de coro que eram os que organizam as procissões, uma vez que o coro era composto por narradores, canções e danças que relatavam as histórias dos personagens. O primeiro diretor de coro que se tem notícia, apareceu em Atenas e foi ele Téspis, um homem estranho que ousava imitar os deuses e os homens, e que inovou ao desenvolver o uso de máscaras e diálogos num tablado. Daí surgiu o Corifeu, que era o representante do coro que se comunicava com a platéia, e os coreutas que cantavam, dançavam, contavam histórias, lendas e mitos. A partir disso surgem os diálogos e a ação na história entre coreutas e corifeu dando inicio aos primeiros textos teatrais, saindo das ruas para ocupar um espaço específico para representação.
Por esta razão é uma das mais antigas expressões do espírito lúdico da humanidade, pois, em todas as épocas e entre todos os povos existe o desejo de desempenhar temporariamente o papel de outram, fantasiando-se e falando à maneira de outrem. E este outro pode ser um deus, o que explica a origem de determinadas representações em atos litúrgicos. Mas também pode ser o próximo, que se deseja ridicularizar. Esta, pois, é uma das raízes dos jogos carnavalescos e da comédia, sem que se exclua, também a origem litúrgica.
Em suma, a arte teatral é vista como aquela que se dá a representação, ou seja, quando um ator, ou um grupo destes, interpreta história ou atividades, usando do gesto, da expressão corporal, ou, ainda, de dramaturgos, diretores, técnicos. Para Magaldi (1985) para a existência do teatro é indispensável três elementos: o ator, o texto e o público. E, segundo ele, o fenômeno teatral não se processa sem a conjugação dessa tríade. Neste sentido, a presença física do ator, além de definir a especificidade do teatro, importa na colaboração de várias outras artes. E que o ator se comunica com o público por meio da palavra, instrumento da arte literária. Assim, para o autor mencionado, a multiplicidade de fatores artísticos conduz à síntese teatral, existindo, pois, muitas maneiras para que o teatro cumpra seu papel. Então, aceitando que o teatro tome de empréstimo a outras artes os elementos que o compõem, a fim de proceder à síntese, o que redunda na definição de que o teatro é uma síntese de elementos artísticos e não de artes, uma vez que a síntese de elementos artísticos faz o espetáculo e é em função dele que se deve pensar o teatro. Ou seja, para o autor espetáculo teatral e teatro podem ser considerados sinônimos, e se confundem como expressão artística específica.
FONTE:
AMARAL, Maria Adelaide et al. Teatro vivo: introdução e história. São Paulo: Abril, 1976.
BARATA, José Oliveira. Estética teatral. Lisboa: Morses, 1981.
_______. Didacta do teatro: introdução. Coimbra: Almedina, 1979.
COURTNEY, Richard. Jogo, teatro & pensamento. São Paulo: Perspectiva, 1980.
FERGUSSON, Francis. Evolução e sentido do teatro. Rio de Janeiro: Zahar, 1964.
KÜHNER, Maria Helena. Teatro popular: uma experiência. Rio de Janeiro: F Alves, 1975.
MACHADO, Maria Clara. Teatro. Rio de Janeiro: Bloch/Fename, 1980.
MAGALDI, Sábato. Iniciação ao teatro. São Paulo: Ática, 1985.
MORENO, J. L. O teatro da espontaneidade. São Paulo: Summus, 1984.
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