segunda-feira, dezembro 01, 2008

CESAR OBEID & O TEATRO DE CORDEL



ENTREVISTA CESAR OBEID & O TEATRO DE CORDEL - César Obeid é escritor, educador e contador de histórias. Trabalha com a recriação do cordel e do repente na educação, teatro, eventos e literatura. Frequentemente escreve matérias e artigos para jornais e revistas, como também participa de gravações de programas de televisão e rádio. É secretário da UCRAN- União dos Cordelistas e Repentistas do Nordeste e autor dos livros: Minhas Rimas de Cordel, menção "altamente recomendável" FNLJ- 2005, O Cachorro do Menino, - Aquecimento Global não dá rima com Legal, Vida Rima com Cordel, menção “altamente recomendável” FNLIJ- 2007, Mitos Brasileiros em cordel e O Valente Domador- Lançamento!
Ele nos concedeu uma entrevista que repasso a seguir, confira:

LAM - Obeid, vamos para a pergunta costumeira: quando foi e como se deu seu encontro com a arte?

Eu comecei com o teatro aos 19 ou 20 anos; fiz uma série de cursos, cheguei a fazer algumas peças amadoras, depois comecei a escrever peças de teatro, algumas delas já com estrofes da literatura de cordel. Após algum tempo, pude encenar duas dessas peças.

LAM - Quais as influências da infância e adolescência que contribuíram para a formação do artista?

Sinceramente não consigo fazer muitos elos entre a infância e a adolescência com a formação do artista, pois eu fui “estudar” artes depois que eu saí da escola. Até então, nunca imaginei produzir qualquer coisa nessa área. Mas, eu fui um felizardo com a minha infância, morei em um bairro onde brincávamos muito na rua, muitos amigos, pipas, bicicleta, etc. Uma fase genial. Lembro-me que aos doze anos eu lia muitos livros de velho oeste, comprados em bancas de jornal.

LAM - Você é autor de vários livros e folhetos de cordel. Fala da trajetória, cronologia dos livros e recepção do público ao seu trabalho.

Até então, toda a minha carreira artística está apoiada no cordel.
Escrevi mais de 50 folhetos antes de publicar o meu primeiro livro “Minhas rimas de cordel”, um livro que recria alguns temas da cultura popular em sextilhas. Nesta época eu já contava histórias e tinha algumas apresentações para diverso públicos. Os outros livros foram conseqüência de muito trabalho e dedicação. Eu tenho muita crença no que eu faço e na mensagem que posso transmitir com o meu trabalho, seja em uma apresentação na qual eu leve alegrias às pessoas, seja em uma oficina na qual eu ensino quem quer escrever, ou seja em alguns de meus livros.

LAM - Na condição de educador, qual a contribuição que a cultura popular pode oferecer para a educação formal?

Precisamos tomar muito cuidado com isso. A educação formal quando se apropria de algo, tende a descaracterizá-la, moldá-la de acordo com os seus interesses, que nem sempre são os interesses da comunidade que produz certa manifestação de cultura popular. É por isso que muitas livros didáticos tiraram o cachimbo do saci-pererê, já não permitem que o cravo brigue com a rosa e assim por diante. Acho que a educação formal deve estudar as manifestações de cultura popular como elas são, interferindo o mínimo possível e preservando o respeito e a identidade da nossa cultura.

LAM - Você trabalha com contações de história, recreações,oficinas e workshops temáticos. Como você visualiza a contribuição do artista na formação das pessoas?

Antes de ser artista, eu sou um cidadão preocupado com uma séries de temas extremamente importantes, ao meu ver, é claro.
Uso da arte para comunicá-los, colocá-los à tona. Ainda bem que posso fazer isso por meio do meu trabalho.

LAM - Como a escola tem recepcionado seu trabalho?

Muito bem, com muita atenção, respeito e muito aberta aos temas que eu apresento.
Soma-se também o interesse nas culturas tradicionais, por parte das escolas.

LAM - Fale da idéia de criação e as propostas do sítio "Teatro em Cordel" .

O sítio, adorei o nome! Tem por objetivo difundir o meu trabalho e passar algumas informações sobre o cordel e o repente.

LAM - Você participa da UCRAN. Fala pra gente do trabalho desta entidade.

A Ucran, uma entidade fundada em 1988, foi muito importante para a fixação e afirmação do poeta nordestino residente em São Paulo. O seu presidente, o poeta Sebastião Marinho, foi responsável por retirar a cantoria de viola do bairro do Brás e abrir novos espaços para o improviso de viola. Hoje, São Paulo tem muitos poetas aqui morando e podem desenvolver sua arte e tradição. A casa recebe inúmeras cantorias de vários poetas.

LAM - A educação brasileira dá um mote bom de glosar?

Professor sendo bem pago
Salas bem climatizadas
Sem sujeiras nas escadas
Um aluno concentrado
O respeito instaurado
Pra todos que lá estão
E o amor no coração
Sendo o grande peregrino
Dado luz ao bom destino
Da nossa educação.

LAM - Quais as perspectivas e projetos que o Cesar Obeid tem por realizar?

Quero fazer novos livros, contar histórias, ministrar oficinas, etc. Ou seja, exatamente o que faço hoje em dia. Não tenho grande planos ou ambições, gostaria que o ser humano se sentisse como parte da natureza, e não totalmente distante dela, como é hoje.
É isso aí, caro amigo, agradeço o espaço cedido e desejo muita luz e harmonia no belo trabalho que você desenvolve.
Paz, César

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