quarta-feira, agosto 20, 2008

TEATRO GREGO – ESQUILO



ESQUILO – Ésquilo nasceu em Eleusis, perto de Atenas, cerca de 525 a.C., e morreu em Gela, na Sicília, em 456 a.C. Filho de nobre proprietários de terras, lutou contra os persas na Ásia Menor para defender os interesses gregos ameaçados pelo império de Dario I. participou da batalha de Maratona e, segundo se afirma, da batalha de Salamina, na qual os gregos conseguiram recuperar Mileto, até então sob o domínio da Pérsia. Ele depois se torna o primeiro autor entre os clássicos da tragédia grega. Para Aristóteles, Esquilo foi o criador da tragédia grega. No drama anterior a ele só havia apenas um ator em cena que dialogava com o coro ou com o corifeu, chefe do coro. Esquilo acrescentou um segundo ator, ampliando a parte dialogada. Reduziu pouco a pouco o papel do coro, na medida em que centralizou o interesse das peças nos atores. Há uma lista enorme de inovações atribuídas a Esquilo. Os discursos dos mensageiros, por exemplo, tornam-se uma constante a partir dele. Tem também a seu crédito a criação de muitos detalhes cênicos, entre os quais, a adoção da túnica de mangas largas e o uso dos coturnos, uma espécie de sandália com sola alta, que dava maior estatura aos atores, destacando a figura do herói dentre os outros figurantes. O poeta latino Horacio confere a Esquilo a invenção da máscara, enquanto outros o colocam como o primeiro poeta a escrever uma trilogia.
Esquilo viveu numa época em que religião, moral e política ainda se confundiam, mas na qual as leis primitivas do clã já se chocavam com avanços da consciência humana. Das sete peças que se conhecem de Esquilo, uma das mais grandiosas, pelo tema que focaliza, é o “Prometeu Acorrentado”. O poeta reinterpretou os mitos gregos para sancionar a nova ordem social. Através de seus personagens, trata dos destinos coletivos, mas valoriza o individuo, por isso fez do grande individuo Prometeu o símbolo da condição humana. Segundo a Teogonia, Júpiter, ao assumir o governo do universo, tornando-se deus supremo, cogitava de conservar a espécie humana em uma condição próxima da animalidade irracional, senão destruí-la, substituindo-a por outra, de sua criação. Contrariando, porem, os desígnios da suprema potestade, o titã Prometeu, condoído da sorte da humanidade consegue apoderar-se de uma faísca do fogo celeste, com o que dotou o homem da razão e da faculdade de cultivar a inteligência, as ciências e as artes. Como punição por esse crime, ordena Júpiter que Prometeu seja acorrentado a um rochedo, na inóspita região da Citia, Cáucaso, e ali permaneça por séculos, a menos que consinta em revelar, aos emissários do irritado nume, os segredos terríveis que só ele conhece, e que permitiriam a Júpiter devassar os mistérios de seu próprio futuro e evitar uma queda semelhante à que causou a ruína de Cronos, Saturno, seu pai e antecessor no domínio do orbe. Prometeu resiste, enquanto Vulcano cumprindo as ordens do deus, o prende, por meio de cadeias indestrutíveis, ao inacessível penedo. Ele só seria libertado após longo tempo de suplicio. Por isso, esta peça é o primeiro episodio de uma majestosa trilogia, da qual se perderam as outras partes.

FONTE:
AMARAL, Maria Adelaide et al. Teatro vivo: introdução e história. São Paulo: Abril, 1976.
ARISTÓTELES. Poética. São Paulo: Abril, 1978.
BARATA, José Oliveira. Estética teatral. Lisboa: Morses, 1981.
_______. Didactica do teatro: introdução. Coimbra: Almedina, 1979.
BRANDÃO, Junito. Teatro Grego: Origem e Evolução. São Paulo: Ars Poética. 1992.
CÁCERES, Florival. História Geral. São Paulo: Moderna, 1996.
CAMPOS, Geir; GUZIK, Alberto; SILVEIRA, Miroel;
COURTNEY, Richard. Jogo, teatro & pensamento. São Paulo: Perspectiva, 1980.
ÉSQUILO. Prometeu acorrentado. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
FERGUSSON, Francisc. Evolução e sentido do teatro. Rio de Janeiro: Zahar, 1964.
GONÇALVES, Júnia. Teatro grego. São Paulo: Abril Cultural, 1980.
KÜHNER, Maria Helena. Teatro popular: uma experiência. Rio de Janeiro: F Alves, 1975.
MACHADO, Maria Clara. Teatro. Rio de Janeiro: Bloch/Fename, 1980.
MAGALDI, Sábato. Iniciação ao teatro. São Paulo: Ática, 1985.
MORENO, J. L. O teatro da espontaneidade. São Paulo: Summus, 1984.
PIGNARRE, Robert. História do Teatro Grego. Lisboa: Europa-América, 1979.
REDONDO JUNIOR. O teatro e a sua estética. Lisboa: Arcádia, 1978.
REZENDE, Antonio Paulo & DIDIER, Maria Thereza. Rumos da História. São Paulo: Atual, 2001.
SOUZA, J. B. de Mello. Teatro grego. Rio de Janeiro: W.M. Jackson Inc, 1950.

VEJA MAIS:
HISTÓRIA DO TEATRO
FREVO BRINCARTE