domingo, outubro 19, 2008

HISTÓRIA DO TEATRO



TEATRO NA IDADE MÉDIA - O período de mil anos entre a queda de Roma, no século V, e o começo do Renascimento no século XV, é conhecido como a Idade Média - um período entre duas épocas. Historicamente, após a queda de Roma, o mundo greco-romano pouco a pouco se dividiu em três culturas diferentes. Na Europa ocidental, surgiu uma cultura latina cristã, que teve Roma como capital espiritual. Na Europa oriental, havia um império grego cristão, cuja capital era Constantinopla, ou Bizâncio. Enquanto isso, após a morte de Maomé em 632, o Oriente Médio e a África do Norte se converteram ao islamismo, com Meca, Medina e Jerusalém como cidades santas. Ao contrário das altas culturas desenvolvidas de Bizâncio e do Islã, a queda de Roma resultou em um período de declínio cultural no antigo Império ocidental.
A propagação do cristianismo e o desenvolvimento da Igreja são um dos grandes temas da Idade Média. Durante esse período de Mil anos, o cristianismo pouco a pouco se espalhou por toda a Europa, atingindo a Escandinávia por volta do século XI. Nessa expansão, absorveu muitos dos antigos costumes pré- cristãos como ainda se pode ver hoje nas celebrações da Páscoa e do Natal. Pouco a pouco, entretanto, o cristianismo se tornou uma filosofia de vida predominante e para muitas pessoas seria inconcebível uma vida não governada pela religião e pela Igreja.
A Idade Média é geralmente vista como período de declínio e estagnação após a "alta cultura" da civilização romana. Durante esse período o sistema de ensino foi estabelecido pela primeira vez. As primeiras escolas de conventos foram abertas, seguidas das escolas de catedrais, no século XII, enquanto por volta de 1200 foram fundadas as primeiras universidades. Os Estados Nacionais começaram a surgir lentamente, em especial na Inglaterra, França e Espanha. Instituiu-se a tradição dos contos populares e da música folclórica, e muitas histórias dessa época são contadas ainda hoje.
À parte o aspecto espiritual, a igreja exerceu um controle quase completo sobre a educação, a cultura, a administração e a lei. Teve também uma grande influência política, embora, a medida que surgiam os Estados Nacionais, os governantes se dispuseram cada vez mais a questionar a autoridade da Igreja. O líder da cristandade ocidental era o bispo de Roma, chefe supremo da Igreja Católica. Ele recebeu o título de "Papa" e, gradualmente, tornou-se o representante de Cristo na Terra. Roma foi a capital cristã durante a maior parte do período medieval. O poder da religião, na diplomacia internacional e como fonte de inspiração espiritual, foi demonstrado pelas Cruzadas, uma série de campanhas militares que entre 1095 e 1291, tentaram libertar a Terra Santa do controle muçulmano.
Este período pode ser entendido por meio da famosa frase de Bernard de Chartres que teve tamanha repercussão na idade média: Somos anões que treparam aos ombros dos gigantes. Desse modo, vemos mais e mais longe do que eles, não porque a nossa vista seja mais aguda ou a nossa estatura maior, mas porque eles nos erguem no ar e nos elevam com toda a sua altura gigantesca.
O TEATRO – O teatro medieval é, como o antigo, de origem religiosa; apenas a religião é outra. Os enredos são tirados da história bíblica. As ocasiões de representação são as festas do ano litúrgico. O palco é a praça central da cidade. Toda a população participa dele. Mas no palco também já se encontram os elementos cenográficos que, mais tarde, constituirão o "teatro de ilusão" moderno. O valor literário das peças é muito desigual: entre cenas de lirismo religioso e humorismo popular (cenas do diabo e dos judeus) encontram-se longos trechos didáticos e declamatórios.
Neste período o teatro sofreu perseguições. A Igreja não via com bons olhos a concorrência que os espetáculos, jogos e diversões de toda espécie faziam as festividades religiosas. As atrizes passaram a ser equiparadas às prostitutas. Os “histriões” (comediantes, atores) não podiam receber a comunhão e os padres e leigos estavam proibidos de assistir peças teatrais sob pena de excomunhão (expulsão da Igreja). A atividade teatral se reduziu a brincadeiras (saltimbancos) na praça e nas feiras, para a diversão do povo. Mas foi a própria Igreja quem veio a reconhecer a validade do teatro, usando-o para sua pregação. Assim, surgiram pequenas peças chamadas de “mistérios”, representadas nas portas das Igrejas, lembrando as principais passagens do Evangelho. Lembrança disso são as representações da Paixão. É marcante do século X ao início do século XV e tem grande influência no século XVI. A princípio são encenados dramas litúrgicos em latim, escritos e representados por membros do clero. Os fiéis participam como figurantes e, mais tarde, como atores e misturam ao latim à língua falada no país. As peças, sobre o ciclo da Páscoa ou da Paixão, são longas, podendo durar vários dias. A partir dos dramas religiosos, formam-se grupos semiprofissionais e leigos, que se apresentam na rua. Os temas ainda são religiosos, mas o texto tem tom popular e inclui situações tiradas do cotidiano.
Na França eram realizados os jeux (jogos) contam histórias bíblicas. E é no século XII, Jean Bodel é o autor do ''Jogo de Adam'' e do ''Jogo de Saint Nicolas''. Os miracles (milagres), como o de ''Notre-Dame'' (século XV), de Théophile Rutebeuf, contam a vida dos santos. E, nos mistérios, como o da ''Paixão'' (1450), de Arnoul Gréban, temas religiosos e profanos se misturam. A comédia é profana, entremeada de canções. ''O Jogo de Robin et de Marion'' (1272), de Adam de la Halle, é um dos precursores da ópera cômica. O espaço cênico medieval era o interior das igrejas que era usado inicialmente como teatro. Quando as peças tornam-se mais elaboradas e exigem mais espaço, passam para a praça em frente à igreja. Palcos largos dão credibilidade aos cenários extremamente simples. Uma porta simboliza a cidade; uma pequena elevação, uma montanha; uma boca de dragão, à esquerda, indica o inferno; e uma elevação, à direita, o paraíso. Surgem grupos populares que improvisam o palco em carroças e se deslocam de uma praça a outra. É marcante do século X ao início do século XV e tem grande influência no século XVI. A princípio são encenados dramas litúrgicos em latim, escritos e representados por membros do clero. Os fiéis participam como figurantes e, mais tarde, como atores e misturam ao latim a língua falada no país. As peças, sobre o ciclo da Páscoa ou da Paixão, são longas, podendo durar vários dias. A partir dos dramas religiosos, formam-se grupos semiprofissionais e leigos, que se apresentam na rua. Os temas ainda são religiosos, mas o texto tem tom popular e inclui situações tiradas do cotidiano.
A proibição dos mistérios pela Igreja, em 1548 já na idade moderna, tenta pôr fim à mistura abusiva do litúrgico e do profano. Essa medida consolida o teatro popular. Os grupos se profissionalizam e dois gêneros se fixam: as comédias bufas, chamadas de soties (tolices), com intenções políticas ou sociais; e a farsa, como a de Mestre Pathelin, que satiriza o cotidiano. Seus personagens estereotipados e a forma como são ironizados os acontecimentos do dia-a-dia reaparecem no vaudeville, que no século XVII será apresentado nos teatros de feira.
A partir do séc. XIV, as peças começam a ser encenadas em praça pública, em língua vulgar. Embora ainda centrados na história da Paixão, o auto sacramental espanhol, o mystère francês, o miracle inglês e a rappresentazione sacra italiana; já apresentam diversos elementos profanos e cômicos, dos quais nascerá a comédia medieval.
Nos séculos XIV e XV, surge, a partir do mistério, a moralidade, alegoria sério-cômica na qual virtudes e vícios personificados disputam a alma humana. As primeiras representações são pequenos dramas litúrgicos pascais ou natalinos, de caráter apologético, encenados durante a missa. Mas, a partir do séc. XIV, as peças começam a ser encenadas em praça pública, em língua vulgar. Embora ainda centrados na história da Paixão, o auto sacramental espanhol, o mystère francês, o miracle inglês e a rappresentazione sacra italiana; já apresentam diversos elementos profanos e cômicos, dos quais nascerá a comédia medieval.
Nos séculos XIV e XV, surge, a partir do mistério, a moralidade, alegoria sério-cômica na qual virtudes e vícios personificados disputam a alma humana.
No final da idade média e no começo do século XVI aparecem na Península Ibérica dois grandes dramaturgos que, sem sair da técnica teatral medieval, enchem-na de idéias novas, em parte já humanistas e renascentistas. La Celestina, de Fernando Rojas (?-1541), é antes um romance dialogado; obra de influência imensa na Europa de então. As peças de Gil Vicente guardam o caráter de representação para determinadas ocasiões, litúrgicas, palacianas e populares.
A proibição dos mistérios pela Igreja, em 1548 já na idade moderna, tenta pôr fim à mistura abusiva do litúrgico e do profano. Essa medida consolida o teatro popular. Os grupos se profissionalizam e dois gêneros se fixam: as comédias bufas, chamadas de soties (tolices), com intenções políticas ou sociais; e a farsa, como a de Mestre Pathelin, que satiriza o cotidiano. Seus personagens estereotipados e a forma como são ironizados os acontecimentos do dia-a-dia reaparecem no vaudeville, que no século XVII será apresentado nos teatros de feira.
Desta forma, com a proibição teatral imposta pela igreja, as atividades teatrais mantiveram-se escondidas no interior dos feredos, por isso não há muitas informações sobre este teatro, sendo a documentação bastante rara. Na corte, surgiu a figura do Menestrel, misto de músico, dançarino, dramaturgo, ator, palhaço e acrobata. Também os trovadores, nome dado ao poeta da época. Como as poesias eram feitas para serem cantadas, eram chamadas de cantigas .Há dois tipos de cantigas: a lírico-amorosa, dividida em cantiga de amor e cantiga de amigo. E a cantiga de amor, que retrata um amor impossível, pois a mulher pertence a uma classe social superior à do trovador. As cantigas de amigo, ou de namorado, personificam a mulher apaixonada, (esses poemas também eram escritos por homens), que queriam saber notícias de seus amados, que iam às guerras, que não voltavam nunca e se atrasavam para os encontros. A natureza tem grande influência nesse tipo de poesia, os rios, cascatas, árvores, animais do campo, as flores, etc., costumam fazer parte do cenário desses poemas. E a satírica que era uma cantiga de escárnio e cantiga de mal dizer. Nesse tipo de poema, os artistas da época, além de expressar o seu eu lírico amoroso, também se preocupam em ridicularizar os costumes da época. Usando de uma linguagem bem popular, os trovadores denunciavam os falsos valores morais de todas as classes da época.
O JOGRAL – O jogral é a denominação genérica dos artistas que, usando roupas extravagantes e tocando instrumentos musicais, dedicavam-se a entreter nobres, monarcas e povo no ambiente cultural da Idade Média. Figura emblemática do ambiente cultural da Idade Média, o jogral divertiu, com seus textos e suas músicas, inumeráveis povoados e cortes. O termo jogral designava, na Idade Média, as pessoas que se dedicavam a entreter tanto o povo como os nobres e monarcas. Vestido de forma extravagante e quase sempre portador de instrumentos musicais (harpa, saltério, alaúde, gaita), acompanhado de algum animal, o jogral viajava de cidade em cidade, de corte em corte, e em cada lugar mostrava aos habitantes seus saberes e destrezas. Relatava fatos históricos célebres ou notícias recentes, narrava contos épicos protagonizados por heróis míticos, cantava, apresentava números de prestidigitação e acrobacia. Em troca, recebia algum dinheiro, mas sobretudo víveres e hospedagem. Muitas vezes comparou-se o jogral ao trovador, o que não é certo, já que o segundo pertencia às classes altas e recitava composições originais, enquanto o jogral, procedente de uma camada social mais baixa, recebia pagamento por seu trabalho e não recitava versos próprios, mas alheios. Assim, converteu-se no principal transmissor de numerosos textos poéticos e relatos, que constituiriam o chamado mester de juglaría, expressão espanhola antiga equivalente a mister ou ofício de jogral, em oposição a mester de clerecía, arte literária própria dos clérigos medievais cultos. Os jograis desenvolveram método próprio, caracterizado pelas improvisações e o estilo livre e narrativo.
Durante muito tempo, a Idade Média foi considerada um período de ignorância e superstições, tendo sido inclusive chamada de "Idade das Trevas". Os eruditos do Renascimento viam o período que se surgiu à queda de Roma como a Idade das Trevas, uma interminável noite de mil anos que baixou sobre a Europa entre a Antigüidade e o Renascimento. Realmente, nesse período, houve um declínio nas atividades artísticas, literárias e científicas. Mas, seria um exagero classificá-lo como um período de trevas. A destruição de bibliotecas pelos bárbaros, o medo de invasões e saques, a dificuldade nas comunicações e as constantes lutas entre senhores feudais contribuíram para criar um ambiente desfavorável ao desenvolvimento das artes e ciências. Assim mesmo, a Idade Média criou obras expressivas. Os mosteiros eram os únicos lugares onde se conservava a cultura antiga. O trabalho dos monges copistas, que passavam a vida inteira copiando obras da Antigüidade, preservou essa cultura. O homem medieval, de modo geral, não sabia ler nem escrever. Os homens da igreja eram os mais instruídos, que controlavam todas as atividades artísticas, literárias e científicas da época. A maior parte da literatura foi escrita em latim e tratava de temas religiosos. Por volta do século XII, a literatura começou a ser escrita na língua própria de cada região e se manifestou a partir de três gêneros: poesia épica, poesia lírica e romance. A primeira valorizava a coragem, a honra e a fidelidade dos cavaleiros medievais. A lírica ou trovadoresca originária da região de Provença, no sul da França, tinha como tema principal o amor. O romance tinha como tema central o amor e também a aventura. A maior figura literária da Idade Média foi Dante Alighieri (1265-1321), natural de Florença, Itália. Dante escreveu em latim e também em italiano. Sua obra mais importante é A Divina Comédia.
O intelectual do século XII é um profissional , com os seus materiais - os antigos -, as suas técnicas - a principal das quais é a imitação dos antigos. Um homem cujo oficio é escrever ou ensinar, e de preferência as duas coisas a um só tempo, um homem que, profissionalmente, tem uma atividade de professor e de erudito, em resumo, um intelectual – esse homem só aparecerá com as cidades.
As obras de Aristóteles, Euclides, Ptolomeu, Hipócrates e Galiano haviam seguido para o Oriente pelos cristãos heréticos e os judeus perseguidos por Bizâncio e tinham sido legadas. Ás bibliotecas e às escolas muçulmanas que as receberam abertamente. A matemática com Euclides, a astronomia com Ptolomeu, a medicina com Hipócrates e Galeno, a física , a lógica e a ética com Aristóteles, importância das obras Árabes: a aritmética com a álgebra de Al-Kharizmi, a medicina com Rhazi; e sobretudo Ibn Sinà ou Avicena , cuja enciclopédia médica ou Canon viria a ser o livro de cabeceira dos médicos ocidentais. Astrónomos, botânicos, agrónomos, alquimistas e, finalmente, a filosofia que, a partir de Aristóteles, constrói sínteses poderosas com Al Farabi e Avicena.

FONTES:
AMARAL, Maria Adelaide et al. Teatro vivo: introdução e história. São Paulo: Abril, 1976.
BARATA, José Oliveira. Estética teatral. Lisboa: Morses, 1981.
_______. Didactica do teatro: introdução. Coimbra: Almedina, 1979.
BERTHOLD, Margot. História mundial do teatro. São Paulo: Perspectiva, 2000.
BORBA FILHO, Hermilo. Diálogo do encenador. Recife: Imprensa Universitária, 1964.
____. História do teatro. Rio de Janeiro: Casa do Estudante do Brasil, s/d.
CÁCERES, Florival. História Geral. São Paulo: Moderna, 1996.
CARLSON, Marvin. Teoria do teatro: estudo histórico-crítico, dos gregos à atualidade. São Paulo: Unesp, 1997.
CAMPOS, Geir; GUZIK, Alberto; SILVEIRA, Miroel; COURTNEY, Richard. Jogo, teatro & pensamento. São Paulo: Perspectiva, 1980.
CARPEAUX, Otto Maria. História de literatura ocidental. Rio de Janeiro: Alhambra, 1978.
CARVALHO, Enio. História e formação do ator. São Paulo: Ática, 1989.
FERGUSSON, Francisc. Evolução e sentido do teatro. Rio de Janeiro: Zahar, 1964.
FO, Dario. Manual mínimo do ator. São Paulo: SENAC, 1999.
HAUSER, Arnold. História social da literatura e da arte. São Paulo: Mestre Jou, 1972.
KÜHNER, Maria Helena. Teatro popular: uma experiência. Rio de Janeiro: F Alves, 1975.
KUSNET, Eugenio. Iniciação à arte dramática. São Paulo: Brasiliense, 1968.
MACHADO, Maria Clara. Teatro. Rio de Janeiro: Bloch/Fename, 1980.
MAGALDI, Sábato. Iniciação ao teatro. São Paulo: Ática, 1985.
MORENO, J. L. O teatro da espontaneidade. São Paulo: Summus, 1984.
PARATORE, Ettore. História da literatura latina. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1983.
REDONDO JUNIOR. O teatro e a sua estética. Lisboa: Arcádia, 1978.
REZENDE, Antonio Paulo & DIDIER, Maria Thereza. Rumos da História. São Paulo: Atual, 2001
ROUBINE, Jean-Jacques. A arte do ator. Rio de Janeiro: Zahar, 1987.
____. A linguagem da encenação teatral, 1880-1980. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
___. Introdução às grandes teorias do teatro. Rio de Janeiro:Jorge Zahar, 2003.
STEVENS, Kera; MUTRAN, Munira H (Orgs). O teatro ingles da Idade Média até Shakespeare. São Paulo: Global, 1988.

VEJA MAIS:
HISTÓRIA DO TEATRO
PALESTRAS
FAÇA SEU TCC SEM TRAUMAS