sexta-feira, janeiro 11, 2008

SANHA



Música & letra de Luiz Alberto Machado

Não há valia para apreço vale nada
Não há vergonha para cara lavada
Toda lisura que se espreme para viver
E que viver

Cadê a honra para quem não tem mais nada
Não há guarida para alma penada
Toda usura que sublima o querer
E que poder

Mandar não seja nobre ter rigor assim
Pisar, varrer da frente algoz e querubim
Quem doma a sanha não sabe dormir
E mais se ganha para coibir
Usar do relho para mais pesar
Suor vermelho vibra no cantar

Não há mais lance para ser carta marcada
A dura sorte já está lançada
Toda estatura que se arrasta pelo chão
Tal qual anão

Há riso oculto para ser face velada
A traição devora a madrugada
Toda espessura que comove o histrião
No coração

Privar da sede o pote de quem quer sorrir
Traçar a sina o rito de quem vai partir
Quem doma a sanha não sabe dormir
E mais se ganha para coibir
Usar do relho para mais pesar
Suor vermelho vibra no cantar

© Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. In: Primeira reunião. Recife: Bagaço, 1992.

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